Um estudo publicado no American Journal of Epidemiology revelou que crianças cujos pais são fumantes têm um risco maior de desenvolver leucemia do que aquelas cujos pais não são fumantes. A análise foi liderada por uma pesquisadora do Telethon Institute for Child Health Research, na Austrália.

A pesquisa contou com a participação de quase 400 famílias em que as crianças foram diagnosticadas com leucemia linfoblástica aguda (LLA). Os pais responderam, então, a um questionário sobre os hábitos ligados ao tabagismo. Em seguida, as crianças com a doença foram comparadas com as de outras 800 famílias que não tinham leucemia.

Os resultados mostraram que as crianças eram mais afetadas pelo vício do pai do que da mãe. Filhos de homens que fumavam durante o período de concepção tinham risco 15% maior de desenvolver leucemia. Já aqueles cujos pais fumavam pelo menos 20 cigarros por dia aumentavam a probabilidade para 44%.

Leucemia é o câncer mais comumente diagnosticado em crianças. Segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA) são esperados 8.510 novos casos para 2012, sendo 4.570 homens e 3.940 mulheres.

Dos nove relatórios anteriores sobre o assunto que os cientistas encontraram na hora de comparar os dados, seis deles falavam de um risco maior. Para Patrícia Buffler, professora da Universidade da Califórnia, as descobertas fazem sentido, pois “a fumaça do tabaco é cheia de toxinas, incluindo cancerígenos. Então, não é improvável que haja danos nas células que produzem esperma”. No entanto, a pesquisa não prova que espermatozóides danificados no DNA por causa da fumaça dos cigarros são responsáveis exclusivamente pelo risco de câncer em crianças.

Outros fatores ambientais também estão relacionados a uma chance maior de desenvolver leucemia na infância, por exemplo, a radiação ionizante como raios-X e exposição das mães a pinturas ou pesticidas durante a gravidez.